A expressão música instrumental distingue toda música produzida exclusivamente por instrumentos musicais. Porém, ao contrário do que parece, a música instrumental não é necessariamente desprovida da voz e do canto. Em alguns casos, como nas faixas Taiane, do brasileiro Hermeto Pascoal ou, talvez mais conhecida, The Great Gig in the Sky, da banda inglesa de rock progressivo Pink Floyd, a voz é usada como instrumento musical.
Até o início do século XVI os instrumentos musicais eram usados apenas para acompanhar os cantos ou marcar o compasso das músicas.
A partir disso, as composições instrumentais foram ficando cada vez mais freqüentes até que, durante o período barroco, a música instrumental passou a ter importância igual à vocal. Foi durante o período clássico (da música), porém, compreendido entre os anos de 1750 e 1810, que a música instrumental passou a ter importância maior do que a vocal, devido ao aperfeiçoamento dos instrumentos e ao surgimento das orquestras.
No Brasil
Como não podia deixar de ser, a música popular brasileira moldou-se a partir de todas estas fontes, bem como das influências vindas da música africana, trazida por negros de vários lugares, e também da música indígena de diversas regiões. Historiadores da música afirmam que a modinha (da Europa) e o lundu (da África) são as grandes influências da música popular brasileira e, juntamente com o schotishs, a valsa, o tango e a polca, são grandes influências também para o choro, que é essencialmente instrumental, e considerado primeiro gênero popular urbano do Brasil. Os principais instrumentos utilizados no choro são o violão de 7 cordas, violão, bandolim, flauta, cavaquinho e pandeiro, embora diversos outros instrumentos foram utilizados.
Entre os chorões solistas, talvez os mais conhecidos sejam Garoto (1915-1955), Waldir Azevedo (1923-1980), Luperce Miranda (1904-1977), Pixinguinha (1898-1973), Copinha (1910-1984), Benedito Lacerda (1903-1958), Dilermando Reis (1916-1977), Jacob do Bandolim (1918-1969), Tia Amélia (1897-1983) e Luiz Americano (1900-1960), e seus principais choros “Desvairada”, “Lamentos do Morro” e “Amoroso”, “Brasileirinho” e “Pedacinho do Céu”, “Odeon”, “Lamento”, “1 x 0”, “André de Sapato Novo” (com Pixinguinha) e “Jurity”, “Brejeiro”, “Noites Cariocas” e “Flor do Abacate”, “Bordões ao Luar” e “Intrigas no Boteco do Padilha”, respectivamente. Embora geralmente conhecidos pelo Choro, a grande maioria dos Chorões compôs músicas instrumentais em outros gêneros, como Chiquinha Gozaga com o maxixe “Gaúcho (Corta-Jaca)” e a polca “Atraente” ou Pixinguinha com a valsa “Rosa”.
O samba que, registrado desde aproximadamente 1838, sairia dos morros à condição de representante da música popular brasileira apenas por volta do ano de 1917, também conta com composições instrumentais. Pouco diferente do samba cantado, o samba instrumental utiliza-se como principais instrumentos o piano e o violão, além dos tradicionais instrumentos de percussão, incluindo o berimbau. Embora derive das mesmas influências, o samba-jazz é pouco semelhante à bossa nova, sendo criado como uma evolução desta, que ao final da década de 50 apareceu com as primeiras gravações de João Gilberto. Como em praticamente todos os gêneros, temos também na Bossa Nova, várias composições instrumentais, como a versão de “Corcovado”, de Tom Jobim, tocada pelo americano Charlie Byrd.
A década de 60 trouxe o tropicalismo, e com ele artistas como Pepeu Gomes, do conjunto musical Novos Baianos. Pepeu Gomes, guitarrista e compositor, chegou a ser considerado um dos dez melhores guitarristas do mundo pela revista americana Guitar World, tendo várias composições instrumentais. Seus álbuns “Geração de Som” e “Instrumental On the Road” são completamente instrumentais.
Em 1964 o produtor J. T. Meirelles formou a banda “Copa 5”, cujo primeiro álbum, denominado “O Som”, foi decisivo na construção de uma vertente do samba instrumental que se convencionou a chamar “samba-jazz”. Embora se utilizasse das mesmas influências da Bossa Nova (principalmente o samba, o jazz e o blues), o samba-jazz fora criado com objetivo de se distanciar e rejuvenescer a Bossa.
Os anos 70 marcam a chegada de um dos maiores compositores da música instrumental, Hermeto Pascoal. Hermeto que, desde os quatorze anos tocava nas rádios com seu irmão, teve seu primeiro álbum solo gravado no ano de 1971. Entras as faixas deste álbum, destaca-se “Velório”, na qual Hermeto recria sonoramente um enterro, como aqueles que assistira em sua terra natal, incluindo para isso 36 garrafas, que, com afinações diferentes, foram tocadas por alguns dos melhores flautistas americanos. Antes disso, porém, no mesmo ano uma composição de Hermeto havia recebido excelente julgamento de críticos ingleses que a colocaram entre as melhores músicas de 1971. A composição "Gaio da Roseira", lançada no LP de Airto Moreira, cuja letra era de seus pais que, trinta aos antes, cantavam durante os trabalhos da roça, teve o arranjo totalmente composto por Pascoal.
Música instrumental
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